A influência da geologia local e das condições do solo nos movimentos do terreno foi demonstrada em diversos sismos no mundo inteiro. Dentro dos efeitos específicos da área, destaca-se a amplificação associada às características dos perfis de solo, que tem o potencial de modificar a intensidade, o conteúdo frequencial e a duração dos movimentos do terreno. É por isso que os efeitos específicos da área exercem um papel crucial no desenho sismorresistente.
* Este artigo foi publicado na Revista GeociêncPlaias SURA | Edição 3 | Março de 2018.
Na história sísmica mundial recente, a instrumentação sísmica permitiu registrar de maneira quantitativa a intensidade dos movimentos do terreno em diferentes lugares, o que forneceu elementos para entender os efeitos da área e implementá-los nas normas de desenho sísmico.
A história sísmica da Cidade do México possibilitou que os avanços no conhecimento dos efeitos do solo fossem aplicados nas suas normas de desenho sísmico. Pelas suas contribuições ao conhecimento, destacam-se os sismos de 1957 e 1985.
A convicção da cidade sobre a necessidade de instalar amplas redes de acelerógrafos (Cires e UNAM) possibilitou contar com registros de movimento do solo, que foram essenciais para o estudo e compreensão das relações entre as condições do solo e as intensidades da resposta sísmica das diferentes áreas.
Esses estudos permitiram desenvolver demarcações de solo cada vez mais detalhadas, até chegar ao que hoje é o Sistema de Ações Sísmicas de Desenho (SASID, na sigla em espanhol), que permite estimar os parâmetros de resposta do solo em cada lugar da Cidade do México.
O sismo de 1957 (Mw 7.6) foi o primeiro evento a mostrar que os depósitos de solo macio da Cidade do México tinham o potencial de amplificar os movimentos sísmicos.
O que os solos da Cidade do México têm de especial?
Os lagos na época pré-hispânica
Na época pré-hispânica, existia um sistema lacustre, conformado pelos lagos Texcoco e Xochimilco-Chalco, na área onde hoje está localizada grande parte da Cidade do México. Nas zonas onde estavam esses lagos, encontram-se depósitos de sedimentos macios que geram os denominados “efeitos de amplificação” das ondas sísmicas.
As ondas sísmicas se propagam a partir da zona de ruptura que origina o sismo e ao chegar aos estratos de solo macio, já que eles alteram as características das ondas de forma muito significativa e amplificam a intensidade dos movimentos que chegam às edificações.
A grande Cidade do México em 2017
Dado importante crescimento da Cidade do México, que começou na época pré-hispânica e continua até hoje, essa cidade está composta assim:
- A zona dos lagos, do lado leste, onde se encontram depósitos de solos macios;
- A zona das montanhas, do lado oeste, onde há predominância de solos firmes;
- Uma zona de transição entre as montanhas e a zona de lagos.
Fontes
- Francisco García Álvarez. Engenheiro civil, mestre em Engenharia. Presidente da Sociedade Mexicana de Engenharia Estrutural. Pertence à Sociedade Mexicana de Engenharia Sísmica (SMIE).
- Francisco García Jarque. Engenheiro civil e mestre em Engenharia.
- Gloria María Estrada Álvarez. Engenheira civil, especialista em Engenharia Ambiental e especialista e mestre em Engenharia Sismorresistente.
- Mario Rodríguez Rodríguez. Engenheiro civil, mestre e doutor em Estruturas e pesquisador de dedicação exclusiva do Instituto de Engenharia da UNAM.